quinta-feira, 10 de março de 2011

O Projeto

Os Encauchados de Vegetais da Amazônia são uma Tecnologia Social, certificada e premiada em 2007 pela Fundação Banco do Brasil. Encontra-se disponibilizada pela Rede de Tecnologias Sociais - RTS desde 2005 e está publicada no Banco de Tecnologias Sociais – BTS daquela Instituição. As pesquisas foram desenvolvidas pelo professor Msc. Francisco Samonek, com o apoio do Pólo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais – Poloprobio, visando assegurar a sustentabilidade da atividade extrativa da borracha na Amazônia, cujos resultados estão apresentados em sua Dissertação de Mestrado no Curso de Ecologia e Manejo dos Recursos Naturais da Universidade Federal do Acre.
A presente proposta pretende implantar uma unidade demonstrativa e pedagógica sustentável na Ilha do Combu, próximo ao Campus da Universidade Federal do Pará, que servirá de base, não só para a realização das pesquisas básicas para o desenvolvimento e aprimoramento de processos e produtos de toda a cadeia produtiva do látex, mas também para a capacitação de produtores e técnicos multiplicadores, visando a reaplicação em escala da tecnologia para os Territórios da Cidadania, especialmente o do Marajó.
A Ilha do Combu, no rio Guamá, é uma Área de Proteção Ambiental - APA, criada pela LEI No 6.083, de 13 de novembro de 1997. Tem 1.500 hectares e é 100% constituída de formações pioneiras do Bioma Amazônia. A gestão da APA é feita pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará – SEMA. Centenas de famílias de moradores têm o direito de uso da terra, podendo desenvolver atividades não conflitantes com o meio ambiente, como o extrativismo do açaí, do cacau e do látex, bem como a pesca. Existe uma grande incidência de seringueiras na região. Porém não vem sendo exploradas há pelo menos 20 anos.
A extração do látex e sua transformação em artesanatos pela TS/EVA virá como uma alternativa de complementação de renda, incorporando mais uma atividade para as famílias residentes nesta e em outras Ilhas da região. Existe um grande contingente de pessoas com disponibilidade de tempo e é grande a incidência de seringueiras tanto nas várzeas, como em áreas de terra firme.
O projeto proposto pretende, ao instalar uma unidade demonstrativa, realizar todas as etapas da cadeia produtiva, desde a coleta do látex, sua transformação em artesanatos, até a sua comercialização, para consolidar um estudo sobre a viabilidade da reaplicação em escala da TS/EVA nas Ilhas do Marajó, onde estão em fase de implantação, por meio dos Territórios da Cidadania do Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA, 34 Projetos de Assentamento Extrativista - PAEs, destinados a exploração sustentável dos recursos naturais na região, pelos suas mais de 10 mil famílias ribeirinhas

O que é?

Os Encauchados de Vegetais da Amazônia têm origem na cultura indígena da Amazônia, com registros mais antigos sendo encontrados na Colômbia. É uma técnica de impermeabilização de tecido com o uso do látex da árvore do Caucho (Castilloa ulei), para a fabricação de uma série de produtos para uso local. Nesta forma primária, o látex não é coagulado e sim desidratado na temperatura ambiente e a técnica permite a fabricação de uma série de produtos (vasos, roupas, bolsas, sapatos).
Os índios e seringueiros do Brasil assimilaram a técnica, especialmente para a fabricação do saco encauchado, que é uma bolsa de algodão colorida e transparente (chita), impermeabilizada com a aplicação do látex do caucho e utilizada pela população local para viagens. Posteriormente os seringueiros adicionaram o enxofre, o qual promovia a vulcanização, e com isto os produtos gerados tinham maior resistência e durabilidade.
Os Encauchados de Vegetais da Amazônia em sua forma atual consistem na junção destes conhecimentos básicos (saber tradicional) aliado ao conhecimento científico (vulcanização + nanocompósito polimérico). Hoje é uma inovação sociotécnica, que permite a utilização de látices de diferentes espécies de seringueiras (Hevea.spp).